domingo, 6 de fevereiro de 2011

Quem és tu?

''Este poema foi uma espécie de introspecção da peça de teatro de Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa''



Quando fostes, eu chorei
Quando me deixastes, eu morri
Quando me gritaste, eu ensurdeci
Quando me olhaste, eu ceguei
Mas quem és tu?
''Ninguém'' respondes.

Sempre que vais e me deixas
Eu sofro e morro
Sempre que gritas e me olhas
Eu ensurdeço de tanta cegueira
E quem és tu?
Ninguém é o que me dizem

Não sei quem és
Mas sei que te quero
Não sei quem és
Por não existires...
Quem és tu?

Alguém já fostes
Mas peço agora que me ouças
Enquanto falo
Para ficar mudo
Que respires o mesmo ar que eu
Para perderes o olfacto
Mas não existes...

''Quem és tu?'' pergunto à figura alada
À minha frente
E tu respondes:
''Ninguém,
Ninguém se nem já tu me conheces''
Eu caio e a figura também
E aí eu pergunto: ''O que sou?''
E tu respondes: ''O que sou só eu sei''
E eu acabo: '' Não, sei nada, senão o que devia ser não sou...''

Carta

''A carta nunca foi revelada... eu gostava de a ter rasgado antes de a entregar, só sei que quando a entreguei escrevi este poema com a voz de Amália na cabeça e assim ''roubei-lhe'' a sua Estranha Forma de Vida''

Malditas cartas que eu escrevo
Onde está exposta a verdade
Vestido estou de negro
Atingindo a imortalidade
Malditas cartas que eu escrevo

Que amores é que tu guardas?
Ó meu triste coração
Porque é que tanto tardas?
Porque não dizes logo que não?
Que amores é que tu guardas?

No meu coração estão escritas
Cartas despedaçadas
Coração, tu que criticas
Estas vidas desesperadas
No meu coração estão escritas

Estou preso até à morte
Esperando que me salvem
Ai, a minha pouca sorte
Ai, que por mim ninguém vem
Estou preso até à morte

Ai, a minha pouca sorte
Esperando que me salvem
Estou preso até à morte!